Sabe ler?


Pra ler poesia é preciso

peito aberto amor perto

só assim se consegue

ler a vida nas linhas certas

do incerto!


Hoje

Não é difícil lembrar do dia em que, sem termos ao menos nos encontrado antes, acabamos dançando juntos e conversando até o sol aquecer o mundo. Esse, sem dúvida, é o dia físico, real, doze e treze mas, você entrou na minha vida muito antes que eu tivesse me dado conta de verdade, e essa é a parte que você não conhece. No cotidiano as coisas parecem ter pouca importância mas depois percebemos que elas já denunciavam algo novo, então, foi assim. Hoje eu me recuso a admitir que foi simplesmente obra do acaso. Esse será um texto cheio de digressões, lembranças, carregado de carinho e saudade...

Lembro-me da dor do meu braço quebrado, do enfermeiro querendo cortar minha calça jeans preferida com a tesoura e eu, brava reclamava com ele. Chorei enquanto todo mundo ia para a festa e eu esperava a radiografia no corredor do hospital. Lembro-me do frio que eu sentia em frente à geladeira do supermercado conversando sobre os vai e vens da vida, e, acabamos falando sobre você. Franzi a testa, não lembrava do seu rosto, mas concordei que você devia ser alguém que voltava com a mala cheia de experiências, de coisas pra contar, de postais, sabores, novidades e sentimentos. Lembro-me do telefone ocupado e da minha dúvida entre sair ou não naquele feriado frio de julho. Depois de insistências e acertos, fui.
Lembro-me do gosto da bebida. Lembro-me do DJ. Lembro-me da banda, mas não lembro da música que me uniu a você. Lembro-me de dançar, de virar pra cá e pra lá, de rirmos juntos. Lembro-me do toque da jaqueta, do cheiro do perfume, do gosto do beijo.
Lembro-me do número do seu telefone sussurado, lembro-me de mim hesitando em ligar.
Lembro-me da plenitude de ficar junto sempre que desse vontade
Mensagens, sorrisos, piadas, estórias de outro mundo, chaves que não encontravam a fechadura, sintonia, plástico de sofá, lágrimas, o filme preferido, copo do desenhos, músicas iguais na mente, paz de espírito, sorvete no jardim, conversas longas, carinho, gessadas e mais gessadas na cabeça e a sua grande ajuda pra amarrar o meu cabelo.
Lembro-me do coração disparado na hora da despedida, de dançar no quarto, do sapinho sorridente .Tudo de você ficou aqui, em cada cômodo da casa e da mente. Lembro-me da angústia dos dias sem notícias suas, da ansiedade em ver longe a data da volta, da felicidade ao ver dias de sol sem nuvens, que me lembravam você.
O perfume me pareceu tão real no sonho, o postal chegou tímido, os poemas cruzaram o oceano.
Alegria de alma quando eu soube da sua volta. Arrependimentos, lembro-me de nenhum.
Tenho teorias e crenças, tento achar explicações para tudo, mas muitas coisas são inexplicáveis pra mim. Acho que é esse o tal cassino da vida. Certezas não tenho. Tenho medos. Mas adoro saber que posso contar com você. Sei que falo demais. Falo o que sinto e sei que você me entende. Esquecer-me de você, nunca!