I

Um dia alguém me desafiou a escrever uma história. No inicio eu ri, achei bobagem mas a conversa foi tão séria que até me senti intimidada. Me deram os fatos, a cena, os personagens e a liberdade de decidir o rumo que tudo ia tomar. Tive muitas idéias, me encontrei na verdade de muitas linhas mas escrevi bem poucas páginas, sofri uma dor estranha e fui me perdendo na imagem da história que eu criava (vivia?). Depois de quase um ano, reli os rascunhos que ficaram para tras, tive necessidade de expurgar o que ainda me incomodava para que assim, livremente, eu pudesse confirmar que TUDO tem seu fim.



a memória e a história
Estou a par dos fatos, sou capaz de contá-los, conheço todos os personagens, desnudo suas idéias e seus sentimentos antes mesmo que sejam concebidos, sei o que se esconde em cada entrelinha e as tantas emoções que aqui são expressas.

Posso escrever-me sem um
a forma física porque existo, me construo como a força invisível que move toda a existência adiante do agora.

Faço-me música, parábola, conto de fadas e poesia. Propago-me na voz que declama, no próximo parágrafo da conversa, no pensamento silenciado.

Não me encerro em limitações ou caprichos da língua, eu sou um universo infinito de escolhas. Estou em todas as letras que imprimem a página de cada um, sem retroceder. Sou palavra por palavra concretando uma ponte sobre as incertezas da vida.


Sou detalhe de tudo em você e estou acima do que te rodeia e te insere no mundo. Crio, faço-me real, marco-me da sua capacidade de viver e espaço-me dentro da imensidão da sua memória.


Mesmo que o tempo mude, que eventos futuros prometam ser mais vivos desbotando o que hoje existe, dentro da memória eu me conservo intocável, no coração sou inesquecível, na porção mais intensa e pura de você eu crio asas e na sua alma eternizo-me.


Nesta hora, serei a verdadeira História que se construiu junto através dos dias unidos de dois em um.

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